Baixa na Selic pode favorecer acesso de produtores a empréstimos subvencionados
Faesp defende crédito competitivo no mercado financeiro e desburocratização na concessão
Por meio de comunicado oficial, a Faesp (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo) afirmou que entende que a “Selic mais baixa de todos os tempos” vigente hoje cria um ambiente favorável à concessão de crédito com juros reais menores. “Isso é importante, pois o dinheiro subvencionado do governo, relativo ao Plano Safra, atende, no máximo, a um terço da demanda, de modo que muitos produtores precisam recorrer a empréstimos no mercado financeiro normal”, explica Fábio Meirelles, presidente da entidade.
Meirelles afirma que os produtores estão buscando mais créditos, por conta do preço mais atrativo do milho e da soja, que representam 85% da produção brasileira de grãos. A análise é validada pelo balanço dos primeiros três meses (julho, agosto e setembro) do Plano Safra 2020, que aponta que já foram concedidos R$ 73,8 milhões, o que significa 28% a mais do registrado no mesmo período de 2019.
“Os produtores estão, inclusive, buscando vender no mercado futuro, para garantir o preço atual por ocasião da colheita, em março e abril do próximo ano. Por isso, buscam mais recursos para financiar insumos e outros custos da lavoura”, ressalta Meirelles.
Entretanto, com a crise fiscal do setor público, os recursos subvencionados são cada vez menores, exigindo-se que se recorra mais a empréstimos no mercado financeiro convencional. Daí o significado da Selic mais baixa, bem como de medidas capazes de reduzir o spread bancário e outros fatores que acabam tornando os juros reais mais elevados.
Segundo o presidente da Faesp, é “importante aumentar a competição entre os bancos e facilitar a concessão do crédito”. “Muitas vezes, os recursos estão disponíveis nas instituições financeiras, mas a burocracia é tamanha que o produtor não consegue atender a tudo o que é solicitado”, pondera Meirelles.
Entre as principais exigências estão numerosas certidões negativas, elaboração de projeto, pagamento de análise ao agrônomo ligado ao banco, outorga do uso da água, comprovações ambientais e cadastros em distintos órgãos oficiais, que se tornam entraves no caminho do produtor rural. “Por isso, defendemos a simplificação dos processos, para que o dinheiro cheque efetivamente dentro da porteira”, conclui.
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