Você conhece clone de palmito?
Plantas selecionadas podem aumentar em até 70% a produtividade do palmito. Em cinco anos iniciativa privada deve colocar clones de pupunha no mercado.
Por Tobias Ferraz
Plantas sadias, vigorosas, livres de doenças e muito mais produtivas, esses são os objetivos que movem os cientistas na busca por um processo em escala para a reprodução da pupunheira a partir de clones selecionados.
A pupunha é a palmeira com maior apelo comercial e ecológico: pode ser plantada, perfilha – ou seja, a planta aceita vários cortes – e é muito mais precoce do que suas parentes mais próximas como a juçara, o açaí e a palmeira imperial. Enquanto as primas tem o primeiro corte entre os 5 e 6 anos depois do plantio, a pupunheira aceita o primeiro corte com 1 ano e meio.
Estudos em busca da clonagem da pupunha acontecem há mais de 20 anos em várias instituições de pesquisas como Esalq de Piracicaba, Ceplac na Bahia, Embrapa e Unesp mas o mercado vem impulsionando também ações da iniciativa privada. Negócios, pesquisa e o interesse por inovação aproximaram o empresário Márcio Franchetti e o pesquisador Douglas Steinmacher. Eles trabalham com produção e comercialização de mudas e há dez anos decidiram investir na clonagem da pupunheira nos laboratórios da Vivetech, em Marechal Cândido Rondon, no Paraná. A empresa também mantém viveiros no Vale do Ribeira, no Estado de São Paulo.
A pesquisa recebeu apoio inicial da Fundação Araucária, e Douglas e Márcio colocaram R$ 350.000,00 do próprio bolso para a construção da biofábrica. Eles esperam colocar clones de pupunha no mercado dentro de cinco anos. De acordo com Douglas, o maior desafio está no laboratório – “O pessoal de campo já desenvolveu formas de identificação das plantas mais produtivas na roça, seja pela maciez e textura, na batida do facão na hora do corte, seja pelo perfilhamento mas nem sempre essas plantas têm boa adaptação no laboratório, então, além de bom desempenho na roça, a planta mãe precisa ser uma super planta e mostrar vigor também dentro do vidro, nas condições de laboratório.”
As plantas mais adaptadas ao ambiente controlado do laboratório é que vão gerar os clones, que depois de algumas semanas em crescimento são transferidos para um viveiro até ganharem tamanho ideal para plantio. Outro desafio vivenciado pelos empresário é a seleção de matrizes adaptadas para as diversas condições de cultivo existentes no nosso país como por exemplo a enorme diversidade de solo e clima.
No Vale do Ribeira o suporte médio é de 5.000 mudas por hectare o rende entre 3.000 e 3.500 quilos de palmito por ha/ano, com o plantio de mudas selecionadas e clonadas, no futuro essa produtividade pode aumentar entre 50% e 70%.
Reflexos da pesquisa e especialização
Assim como na cultura da seringueira, que exige ferramentaria apropriada para sangria e coleta do látex, a cultura da pupunha está se especializando – “Fizemos uma parceria com com o SENAI para desenvolver as ferramentas adequadas para o manejo da pupunha.” explica o empresário Márcio Franchetti. Fato que pode aquecer também a indústria de ferramentaria e o comércio agropecuário regional.
Mercado promissor
No ano passado o Brasil exportou cerca de 300 toneladas de pupunha. Os principais importadores são Estados Unidos, Japão e Emirados Árabes. Mas o grande consumidor de palmito é o mercado interno, a cidade de São Paulo é o maior centro de consumo. Um dos desafios para ampliar esse mercado é a redução do preço, o palmito é considerado um alimento caro e grande parte da população não pode comprar ou compra pouco.
Dados da Embrapa mostram que o Brasil é o maior produtor de palmitos, mas não é grande exportador, perde para Equador e Costa Rica, esses dois países têm plantações comerciais de pupunha.
Pupunha em números
O L.U.P.A. – Levantamento censitário das Unidade de Produção Agropecuária, o censo agropecuário paulista feito pela Secretaria de Agricultura do Estado, atualizado em Janeiro de 2020, aponta para uma área de aproximadamente 7.600 hectares ocupados com palmito no Vale do Ribeira, área que abriga cerca de 35 milhões e 500 mil plantas, cultivadas por 1.200 produtores. A produção é de aproximadamente 24 milhões de hastes/ano processadas pela agroindústria da região.
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