A intensificação das chuvas nesse período é propícia para a proliferação de diferentes microrganismos causadores de doenças, como a leptospirose, que acomete diversas espécies de animais, incluindo os bovinos. A infecção causa abortamentos em vacas no final da gestação na forma crônica da doença. Já na fase aguda, em bovinos jovens e adultos, ocorrem lesões renais que podem levar à falência renal e à morte.
De acordo com o médico veterinário Raul Mascarenhas, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP), os prejuízos para o pecuarista estão associados principalmente ao abortamento. “Como ocorre apenas ao final da gestação, muito provavelmente a vaca irá permanecer mais de um ano sem produzir leite. Outro prejuízo é a perda do bezerro, que pode ser uma fêmea leiteira ou um animal de elevado valor genético”, explica Mascarenhas. O veterinário ressalta que ao evitar casos de abortamento, o produtor já paga o investimento de um ano em medidas preventivas adotadas.
A leptospirose bovina é causada pela bactéria Leptospira spp, transmitida aos animais pela ingestão de pastagem contaminada ou contato com água ou solo encharcado contaminados. Em condições de baixa umidade ambiental e incidência direta de raios solares, essa bactéria só permanece viva por 30 minutos. Já em condições de alta umidade e de pH neutro ou levemente alcalino, a Leptospira pode sobreviver por semanas ou meses. Em meio aquoso, ela é capaz de se locomover até encontrar um hospedeiro, por esse motivo a leptospirose bovina é mais frequente nesta época de chuvas.